A Sé de Braga é considerada a mais antiga catedral de Portugal, construída ainda antes da fundação do país. A sua edificação iniciou-se no final do século XI e foi consagrada à Virgem Maria em 1089 pelo bispo D. Pedro. O templo, que rivalizou em prestígio com a Sé de Santiago de Compostela, marcou a importância de Braga como centro religioso da Península Ibérica.
O edifício atual resulta de sucessivas intervenções que deixaram traços de vários estilos, desde o românico ao barroco. Da construção original conservam-se elementos como a Porta do Sol, a planta com deambulatório e o pórtico principal. No interior encontram-se sepultados D. Henrique e D. Teresa, pais de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal.
Na parte posterior, os claustros revelam camadas significativas da história da catedral. O atual Claustro de Santo Amaro, hoje aberto, foi originalmente um espaço coberto rodeado de capelas. A intervenção realizada no início do século XX alterou a sua configuração, mas manteve vários elementos estruturais de grande valor arqueológico.
Destaca-se o absidíolo românico, um dos vestígios mais antigos da Sé, possivelmente integrado no projeto original. De planta circular, apresenta colunas de fustes cilíndricos e capitéis com ornamentação vegetalista. A abóbada conserva uma pintura do século XV que representa Nossa Senhora do Loreto, identificada por uma legenda gótica.
No século XVIII, este espaço abrigava três capelasm a de Santo Amaro, Nossa Senhora da Boa Memória e Santíssima Trindade, servia também como principal cemitério da cidade. Ali foi sepultado, por exemplo, o mestre André Soares, figura central do rococó português, autor de vários retábulos desta mesma catedral.
Atualmente, os claustros funcionam como espaço expositivo, reunindo peças em pedra provenientes das diversas fases de restauro da Sé. Entre elas, encontra-se o antigo pelourinho quinhentista da cidade, que ilustra a continuidade entre o património religioso e civil de Braga.
Mesmo sem acesso ao interior, a observação dos claustros permite compreender a importância histórica da Sé de Braga e o papel que desempenhou na formação da arte e da espiritualidade em Portugal.
Visitar esta zona exterior é como percorrer um resumo visível da história de Portugal. As pedras mostram o passar dos séculos e revelam como a fé, a arte e a arquitetura foram moldando o mesmo espaço ao longo de quase mil anos. Mesmo sem entrar no interior, percebe-se o valor deste local, onde cada arco e cada fragmento guardam parte da memória de Braga e das origens do país.
Fica a curiosidade: quantos segredos ainda estarão escondidos nas paredes da mais antiga catedral de Portugal?
No Espaço de Maria, é neste cruzamento entre História, Cultura e Memórias que encontramos o verdadeiro encanto dos lugares, porque compreender o que fomos ajuda-nos a olhar com mais sentido para o que somos.










































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