Espaço de Maria

Situado no coração de Vila do Conde, o Aqueduto de Santa Clara é um testemunho grandioso da engenharia e da fé de outros tempos. Concebido em 1626 para abastecer o Mosteiro de Santa Clara, este aqueduto demorou quase um século a ser concluído, estando terminado em 1714.

Originalmente, dizia-se que possuía 999 arcos e uma extensão de cerca de 7 quilómetros, ligando fontes de água ao mosteiro. Embora hoje reste apenas parte da sua grandiosidade original, continua a ser considerado o segundo aqueduto mais extenso de Portugal, impressionando quem por ele passa pela sua elegância e monumentalidade.

O Mosteiro de Santa Clara tem uma história ainda mais antiga e rica. Foi fundado em 1318 por D. Afonso Sanches, filho ilegítimo de D. Dinis, e por sua esposa, D. Teresa Martins. A intenção era nobre: acolher senhoras da aristocracia que, apesar da sua origem, se encontravam em situações financeiras delicadas.

A igreja conventual, hoje classificada como Monumento Nacional, é um magnífico exemplo da arquitetura gótica portuguesa, enriquecida com intervenções renascentistas nos séculos seguintes. A sua planta em cruz latina, a nave única coberta de belíssimos caixotões do século XVII e a impressionante capela-mor com abóbada polinervada são apenas alguns dos detalhes que revelam a mestria dos artistas que aqui trabalharam.

O mosteiro guarda ainda importantes monumentos funerários, como os túmulos manuelinos de D. Afonso Sanches e D. Teresa Martins, verdadeiras obras-primas da escultura tumular em pedra de ançã.

Com a extinção das ordens religiosas no século XIX, o convento foi encerrado e parte do seu espólio transferido para instituições como o Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto. Contudo, a história deste lugar não terminou aí.

Recentemente, integrado no Programa Revive, o antigo convento foi alvo de obras de recuperação e adaptado a uma nova função: tornou-se o elegante hotel The Lince Santa Clara, uma unidade de cinco estrelas que preserva a memória do local enquanto oferece novas experiências a quem o visita.

Hoje, quem percorre o majestoso aqueduto ou atravessa os espaços do antigo convento pode sentir o eco de séculos de história — uma herança que Vila do Conde, com orgulho e respeito, continua a honrar.