Vila do Conde: Patrimônio Marítimo e Cultural de Portugal

Situada entre o rio Ave e o Atlântico, Vila do Conde é uma terra profundamente marcada pela história da fé e das grandes navegações portuguesas. Dois locais emblemáticos contam esta história de forma especialmente vívida: a Capela de Nossa Senhora do Socorro e o conjunto museológico da Alfândega Régia – Museu de Construção Naval e da Nau Quinhentista.

A Capela de Nossa Senhora do Socorro: Fé sobre a rocha

Implantada sobre um maciço rochoso que domina o vale do rio Ave, a Capela de Nossa Senhora do Socorro destaca-se pela sua singela imponência. De planta quadrada e coberta por uma abóbada, a sua arquitetura discreta esconde um interior de grande riqueza artística.
O espaço é revestido por notáveis azulejos do século XVIII, representando episódios da vida de Cristo, e acolhe um retábulo de estilo rococó, cuja leveza e ornamentação conferem à capela uma atmosfera de recolhimento e beleza.

A capela foi mandada construir por Gaspar Manuel, cavaleiro professo da Ordem de Cristo e piloto-mor das carreiras da Índia, China e Japão, juntamente com sua esposa, Bárbara Ferreira de Almeida. Ambos repousam aqui, testemunhando para sempre a ligação entre a fé, a terra e o mar que marcou as suas vidas.

Deste local, a vista é soberba: a cidade de Vila do Conde estende-se diante dos olhos, “espraiada entre pinhais, rio e mar”, como numa pintura viva que atravessa os séculos.

Alfândega Régia – Museu de Construção Naval: Memórias da época das navegações

Descendo até à zona ribeirinha, encontra-se o edifício da Alfândega Régia, criado em 1487 por ordem de D. João II para regular o comércio marítimo que então florescia no porto de Vila do Conde. Durante séculos, o intenso tráfego de mercadorias e embarcações fez desta alfândega uma peça-chave nas redes de comércio ultramarino.

Após um período de abandono e degradação, a Alfândega foi restaurada e convertida em museu no início do século XXI, no âmbito do projeto “Rosa dos Ventos”. Atualmente, o Museu de Construção Naval expõe três grandes temas: a navegação portuguesa ligada a Vila do Conde, a história da própria Alfândega Régia e os métodos tradicionais de construção naval.

O museu é também sede do Centro de Documentação dos Portos Marítimos Quinhentistas (CEDOPORMAR), especializado na história dos burgos marítimos portugueses no tempo dos Descobrimentos.

A Nau Quinhentista: Uma viagem de volta ao século XVI

Junto à Alfândega, fundeada no rio Ave desde 2007, encontra-se a Nau Quinhentista, uma réplica meticulosa de uma embarcação portuguesa do século XVI, construída nos estaleiros navais de Vila do Conde.

Este navio redondo, de casco bojudo e três mastros, foi desenhado com base nas investigações do Almirante Rogério d’Oliveira e recriado com o saber ancestral dos carpinteiros navais locais. A bordo, os visitantes podem explorar os aposentos do capitão, piloto, escrivão e outros membros da tripulação, e conhecer os instrumentos de navegação, as mercadorias transportadas e os desafios da vida em alto mar.

A nau, com a sua grandiosa estrutura e fiel atenção ao detalhe, permite reviver a experiência das grandes viagens oceânicas, onde coragem e resistência eram qualidades indispensáveis.


Vila do Conde é, assim, muito mais do que uma bela cidade costeira. É um lugar onde a fé, a história, a arte e a memória marítima se entrelaçam, oferecendo a quem a visita uma verdadeira viagem no tempo.


“Entre a fé que se ergue sobre a rocha e as naus que sulcaram os oceanos, Vila do Conde guarda o sopro da nossa história.”

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