
Neste ano, Israel celebra 77 anos desde a sua independência, proclamada em 14 de maio de 1948. Ainda que a ligação do povo judeu com a Terra de Israel remonte a mais de três milénios, o reconhecimento do seu direito à autodeterminação só foi restaurado no século XX, após séculos de dispersão, perseguições e resistência.
É impossível falar de Israel sem tocar na palavra que tem sido tantas vezes distorcida: sionismo. Hoje, o termo é usado indiscriminadamente — muitas vezes como insulto, outras vezes sem qualquer conhecimento do seu verdadeiro significado. Sionismo, na sua essência, é o movimento de libertação nacional do povo judeu. Tal como outros povos com aspirações à autodeterminação (como os curdos ou os tibetanos), também os judeus desejaram — e lutaram por — o regresso à sua terra ancestral: Tzion, as montanhas de Jerusalém.
O sionismo não é um monólito. Há sionismo religioso, laico, socialista, revisionista, de esquerda, de direita. O próprio Jayme Fucs Bar, que partilhou uma reflexão profunda sobre este tema, relembra que pertencia ao movimento sionista de esquerda, ideologicamente ligado à Moscovo nos anos 40. Surpreende? Talvez. Mas é precisamente por isso que precisamos contar estas histórias, para mostrar a complexidade e pluralidade que existem em Israel — e que muitas vezes são ignoradas em discursos simplistas ou ideologizados.
Israel não nasceu de um capricho colonial, mas do reconhecimento internacional, através da ONU, do direito do povo judeu a reconstruir sua casa histórica. A fundação de Israel, ao contrário do que muitos pensam, não foi fruto do imperialismo ocidental. Os EUA hesitaram. O Reino Unido absteve-se e armou os seus inimigos. O bloco soviético foi, na verdade, um dos principais apoios à criação do Estado de Israel e ao seu esforço de independência.
Hoje, passadas sete décadas de guerras, terrorismo, desenvolvimento e progresso, Israel é um país real, plural, com desafios imensos — como qualquer Estado moderno em formação. Um quarto da sua população é composta por minorias não judaicas: árabes, drusos, beduínos, circassianos, entre outros. Muitos desses cidadãos se identificam nacionalmente como israelenses e participam ativamente da sociedade.
A pergunta que fica é: Por que negar aos judeus o direito que se reconhece a tantos outros povos? Ser “antissionista” hoje, como disse Jayme Fucs Bar, é ignorar a realidade. É lutar contra um facto consumado: Israel existe.
Neste 77.º aniversário, em pleno 2025, a importância da existência de um Estado judeu e democrático no Oriente Médio torna-se ainda mais evidente. Frente à escalada do antissemitismo global e à brutalidade de ataques como os de 7 de outubro de 2023, o mundo precisa, mais do que nunca, reafirmar que o direito à segurança e à autodeterminação do povo judeu não é negociável.
Israel é um país complexo, sim. Um país imperfeito, como todos. Mas é um país vivo, resiliente e profundamente enraizado na história. E esse é o motivo pelo qual celebramos hoje: Israel vive!


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